quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Falta de transporte e merenda escolar deixa 7 mil sem estudar


Alunos estão indo mais cedo pra casa
Secretaria de Educação mandou estudantes voltarem para casa já que município está sem recursos
A semana está sendo de angústia e tristeza para milhares de estudantes e seus responsáveis em Ourilândia do Norte. Eles receberam a notícia que os alunos não terão a carga horária completa de aulas nas escolas do município e que o horário de término das atividades será às 10h (para quem estuda pela manhã), e às 16 h (para os alunos do turno da tarde). A medida, que iniciou na última segunda-feira (5), ainda não tem previsão de término e ninguém sabe quando as atividades escolares serão regularizadas.
Estoque de merenda acabou
De acordo com um grupo de vereadores do município, que fez vistorias em várias escolas nesta terça-feira, a ordem de dispensa antecipada dos alunos partiu da Secretaria de Educação de Ourilândia, que informou que não há merenda escolar para oferecer, nem transporte disponível para trazer os estudantes que moram na zona rural até as escolas. "O município de Ourilândia está passando por muitas dificuldades. Os recursos da educação foram todos desviados. A licitação para merenda escolar, que deveria ter sido feita em maio, quando a anterior venceu, não foi feita e agora não há o que servir para as crianças. Os recursos são do Governo Federal, do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) são repassados para a Prefeitura normalmente, o que está acontecendo em Ourilândia é um problema de gestão', alertou a vereadora Zulene dos Santos.
Segundo o administrador do posto de combustível que fornece gasolina para a Prefeitura, não há mais como manter a parceria, já que existem débitos com o estabelecimento que ultrapassam o valor de R$300 mil, e que desde o mês de março deste ano não existe qualquer pagamento. “O administrador do posto foi informado pela Prefeitura que não há previsão para essa dívida ser quitada. Esse é apenas um dos muitos locais que a Prefeitura deve e não pode mais adquirir produtos. A Prefeitura da nossa cidade perdeu totalmente o crédito”, alertou a vereadora.
Denúncia - O vereador Walter da Sagri vai além e denuncia as manobras realizadas pela Prefeitura para obter ainda mais dinheiro da educação. “Encontrei escolas sem luz por falta de pagamento das contas de energia, algumas funcionam por meio de ligações clandestinas, conhecidas por “gato”. Isso faz com que não tenha água gelada, não funcione ar-condicionado e impeça que haja o mínimo de condições para que os estudantes possam aprender durante as aulas. Nas escolas, turmas são unidas e as salas de aula ficam com mais de 50 alunos em cada, e sabem porque¿ Para poder ter como reduzir a carga horária dos professores e assim, sobrar mais dinheiro da educação para ser desviado”, alerta o vereador.
Ainda de acordo com ele, a Secretaria de Educação mantém diversos funcionários fantasmas, entre eles, a mulher do Zequinha Marinho, candidato a vice-governador do Estado na coligação de Simão Jatene e a filha e o genro da secretária de educação do município. “Eles tiram vagas de professores para colocar parentes e amigos para apenas receber contra-cheque. É um absurdo”, disse Walter.
Problema na gestão – Em junho deste ano, o prefeito Maurílio Gomes foi afastado do cargo após de denúncias do Ministério Público e responde na Justiça por improbidade administrativa e crime ambiental. Durante seu afastamento, a vice-prefeita de Ourilândia, Ângela Liberato, fez uma varredura nas contas do município e encontrou diversas irregularidades e dívidas que chegam a R$9 milhões.
Entre os dividendos estão, por exemplo, R$600 mil para a Celpa, provenientes de contas de energia elétrica de diversos estabelecimentos públicos não pagos, gerando corte e falta de energia em escolas, feiras, praças e até mesmo na rodoviária e no aeroporto. Supermercados, postos de combustível, fornecedores de materiais de utilização contínua também são outros locais que a prefeitura deve, bloqueando serviços e deixando a população na mão. “Já que as dívidas não foram pagas, esses fornecedores deixaram de repassar material para a Prefeitura. Assim, cidade está praticamente bloqueada. A dívida em supermercado, por exemplo, onde são adquiridos produtos de limpeza, higiene e de merenda escolar, chega a R$1 milhão” condenou Ângela Liberato.
O prefeito Maurílio Gomes voltou ao cargo no dia 16 de junho, após conseguir liminar da Justiça. O jornal tenta contato com a Prefeitura de Ourilândia do Norte e com a Secretaria de Educação para esclarecer as denúncias.
A reportagem tentou falar com o prefeito Maurílio Gomes, mas não conseguiu contato. (Wesley Costa /Ourilândia do Norte)

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